Quedas: causas e fatores de risco

“QUEDAS SÃO MUITO MAIS DO QUE TROPEÇOS E ESCORREGÕES!”

Para contribuir com a qualidade do dia a dia dos idosos é preciso entender os fatores que interferem juntos para possibilidades de acidentes indesejados, como as famosas quedas. Para a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) a queda é o “deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil”. Ou seja: quedas não intencionais podem acontecer sempre que o centro de gravidade se desloca para fora da base de sustentação do indivíduo, sem que haja uma correção postural a tempo por parte dos mecanismos envolvidos na manutenção do equilíbrio. Como é possível verificar na ilustração abaixo:

Qualquer pessoa, independente da idade, corre o risco de cair, mas 35% a 40% de pessoas acima de 64 anos caem pelo menos uma vez ao ano. Sendo que a metade delas fica sujeita a uma nova queda. A frequência é maior em mulheres: e acima de 80 anos ou mais, a proporção aumenta para 50%.

O que acontece é que as causas dessas quedas também estão associadas às alterações decorrentes do processo de envelhecimento, que faz com que o corpo da pessoa idosa diminua a capacidade de ajustar os movimentos diante de situações cotidianas, aumentando o risco de queda. Saber sobre esse processo é importante, pois as quedas podem ser incapacitantes e infelizmente são responsáveis por muitas das mortes acidentais nos idosos. Entender as causas é o primeiro passo para sensibilizar os idosos e prevenir acidentes.

O processo de envelhecimento (senescência) traz consigo algumas alterações:

  • Redução da velocidade da marcha;
  • Conversão da massa muscular em tecido adiposo;
  • Flexão plantar diminuída;
  • Diminuição do balanço dos braços, da rotação da pélvis e do apoio unipodal;
  • Redução da adaptação visual ao escuro;
  • Menor percepção visual de profundidade;
  • Redução da visão de contraste;
  • Redução da visão periférica;
  • Alterações da postura, equilíbrio e reflexos.

Portanto, todas essas alterações decorrentes do processo de envelhecimento normal, não patológico, podem ser exacerbadas por algumas doenças (doenças cardiovasculares, cognitivas, diabetes, hipertensão, osteoporose) e mesmo que um idoso apresente apenas uma dessas comorbidades, já é um ponto de atenção e motivo para recorrer à medidas de prevenção em relação às quedas.

FATORES DE RISCO

Conhecer os fatores de risco é uma das estratégias mais eficazes de prevenção de quedas, pois, a partir da identificação desses fatores, medidas para prevenção podem ser criadas e instituídas.

Fatores de risco intrínsecos

Os fatores de risco intrínsecos estão relacionados aos fatores individuais:

  • > 80 anos (maiores implicações fisiológicas)
  • Dificuldade na realização das AVDs (atividades do dia a dia)
  • Alteração da marcha com mobilidade reduzida
  • Histórico de quedas
  • Fraqueza muscular
  • Instabilidade postural (dificuldade de se manter equilibrado)
  • Comprometimento dos reflexos de equilíbrio e de proteção
  • Uso de auxílios para a marcha
  • Problemas e alterações nos pés (calosidades, úlceras, joanetes)
  • Diminuição da visão (presbiopia, catarata, glaucoma, uso de lentes corretivas)
  • Doenças crônicas (Parkinson, incontinência urinária, artrite, AVC, fraturas, hipotensão)
  • Comprometimento cognitivo (demências)
  • Tontura (queixa em 45%dos idosos)
  • Infecções
  • Medo de cair (referido em 95%dos idosos)
  • Fatores comportamentais (se arriscam mais)
  • Polifarmácia (30-35% dos idosos fazem uso contínuo de 4 medicamentos ou mais)
  • Uso de drogas psicoativas (causam sonolência, vertigem e redução dos reflexos)
  • Ansiedade e depressão

Fatores de risco extrínsecos

Os fatores de risco extrínsecos estão relacionados ao ambiente:

  • Pisos escorregadios
  • Tapetes soltos (idosos tem muito apego, colar as bordas como alternativa)
  • Escadas (sem corrimão é um fator agravante)
  • Prateleiras altas ou baixas demais
  • Vasos sanitários baixos
  • Cama de altura inadequada
  • Dependências mal iluminadas
  • Animais de estimação, principalmente de pequeno porte
  • Fios de extensão e objetos diversos pelo chão (sandália, tênis, brinquedos)
  • Ambientes monocromáticos
  • Móveis mal distribuídos no ambiente
  • Roupas compridas e calçados inadequados
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